De virada, Castanhal-PA abre Série D com goleada sobre Galvez-AC

Em partida transmitida em rede nacional pela TV Brasil, o Castanhal, do Pará, derrotou o Galvez, do Acre, por 4 a 1, de virada. O jogo, realizado no estádio Modelão, em Castanhal, marcou a estreia de ambas as equipes na Série D. Com três pontos, o Castanhal encabeça o Grupo 1, enquanto o Galvez aparece em oitavo e último lugar.

No primeiro tempo, os visitantes saíram na frente. Ao tentar proteger a bola para a chegada do goleiro, o defensor Guilherme se enrolou e cometeu pênalti em Wanderson. Aos 28, Radamés cobrou a penalidade e abriu o placar.

O empate veio ainda no primeiro tempo, em trapalhada de Félber, que, ao tentar afastar a bola que ia entrando após dividida, acabou colocando para as próprias redes.

No segundo tempo, o time da casa passou por cima do Galvez. Logo aos sete minutos, Fazendinha, de cabeça, virou o jogo para o Castanhal.

Na reta final, a equipe paraense matou o jogo com dois gols de jogadores que vieram do banco. Aos 38, Pedrinho, completamente livre, escorou de carrinho o cruzamento da esquerda. Aos 46, Fidélis recebeu na esquerda e bateu colocado para dar números finais à partida: 4 a 1.

Na próxima rodada, as duas equipes entram em campo no domingo (13). O Castanhal vai até Itacoatiara, no Amazonas, para medir forças com o Penarol. Já o Galvez recebe o GAS (Grêmio Atlético Sampaio), de Roraima, na Arena Acreana, em Rio Branco.

Outros resultados

Mais duas partidas foram realizadas pela Série D às 15h deste domingo: a Caldense, de Minas Gerais, derrotou o Rio Branco, do Espírito Santo, por 2 a 1, de virada, em Cariacica. Já outro Rio Branco, o do Paraná, ficou no 0 a 0, em casa, diante do Esportivo, do Rio Grande do Sul.

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Papa pede reconciliação e cura sobre a descoberta da escola do Canadá

O papa Francisco disse neste domingo (6) que ficou magoado com a descoberta dos restos mortais de 215 crianças em uma antiga escola católica para estudantes indígenas no Canadá e pediu respeito aos direitos e culturas dos povos nativos.

No entanto, Francisco não realizou o pedido de desculpas direto que alguns canadenses haviam exigido. Há dois dias, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau disse que a Igreja Católica deve assumir a responsabilidade por seu papel na administração de muitas das escolas.

Falando aos peregrinos e turistas na Praça de São Pedro para sua bênção semanal, Francisco exortou os líderes religiosos católicos e políticos canadenses a “cooperar com determinação” para lançar luz sobre a descoberta e buscar reconciliação e cura.

Francisco disse que se sentiu próximo “do povo canadense, que ficou traumatizado com a notícia chocante”.

As escolas residenciais operaram entre 1831 e 1996 e eram administradas por várias denominações cristãs em nome do governo. A maioria era dirigida pela Igreja Católica.

A descoberta no mês passado dos restos mortais das crianças na Kamloops Indian Residential School, na Colúmbia Britânica, que fechou em 1978, reabriu velhas feridas e está alimentando a indignação no Canadá sobre a falta de informação e responsabilidade.

“A triste descoberta aumenta ainda mais a compreensão da dor e do sofrimento do passado”, disse Francisco.

“Estes momentos difíceis representam um forte lembrete para todos nós de nos distanciarmos do modelo de colonizador… e de caminharmos lado a lado no diálogo e no respeito mútuo no reconhecimento dos direitos e valores culturais de todos os filhos e filhas do Canadá”, disse ele.

Francisco, que foi eleito papa 17 anos após o fechamento das últimas escolas, já se desculpou pelo papel da Igreja no colonialismo nas Américas.

Mas ele preferiu pedir desculpas diretas ao visitar países e conversar com os povos nativos. Nenhuma visita papal ao Canadá está programada.

 

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Atriz Camila Amado morre aos 82 anos

Morreu neste domingo, 6, aos 82 anos, a atriz Camila Amado. A causa da morte ainda não foi confirmada. A última personagem interpretada pela artista, na Globo, foi Tia Candoca, na novela “Éramos Seis”, exibida em 2019. Camila iniciou a carreira de atriz em 1969, na novela “Um Gosto Amargo de Festa”, na TV Tupi. Produções mais recentes que tiveram a atriz no elenco foram “Tapas & Beijos”, “A Casa das Sete Mulheres”, “Sítio do Picapau Amarelo” e “Cordel Encantado”. Vários artistas lamentaram a morte nas redes sociais. “Vá em…

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Harry e Meghan anunciam o nascimento da filha Lilibet Diana

Príncipe Harry e Meghan Markle, duque e duquesa de Sussex, anunciaram, neste domingo, 6, o nascimento de Lilibet Diana, segundo filho do casal. Markle deu à luz na sexta-feira, 4, na Califórnia. Mãe e filha estão bem e em casa. O anúncio ganhou destaque nos principais jornais do mundo. “Lili recebeu o nome de sua bisavó, Sua Majestade, a Rainha, cujo apelido da família é Lilibet”, disse o comunicado. “Seu nome do meio, Diana, foi escolhido em homenagem a sua querida avó, a princesa de Gales.” Logo depois que anunciaram…

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Anvisa aguarda documentos do Butantan para estudo sobre a Butanvac

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou hoje (6) que aguarda documentos do Instituto Butantan para avaliar o pedido de início de estudos com seres humanos para o desenvolvimento da vacina brasileira Butanvac.

De acordo com a Anvisa, este momento em que são necessárias informações complementares constituem a fase do processo se que o órgão chama de “exigência”. Ainda segundo a Agência, o Instituto Butantan se comprometeu a fornecer os dados faltantes até amanhã (7).

O pedido foi apresentado no dia 26 de março. Conforme a Anvisa, desde esta data durante 48 dias os técnicos aguardaram informações complementares. Os últimos dados recebidos foram sobre o protocolo clínico, que estão sendo analisados pela equipe técnica da Agência. 

O esclarecimento foi divulgado após notícias publicadas em meios de comunicação sobre uma suposta iminência da autorização dos estudos pela Anvisa.

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BNDES reorganiza diretoria do banco

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou para os próximos dias a efetivação da reorganização de sua diretoria, com o objetivo de “evoluir para atender às novas demandas de desestatizações e infraestrutura, bem como oferecer mais apoio a modelos inovadores de financiamento e ações socioambientais”. Nos dois anos da administração de Gustavo Montezano, foi criado um banco de serviços “robusto, o desinvestimento foi acelerado e o foco na sustentabilidade reforçado”, informou a instituição, por meio de sua assessoria de imprensa.

Desde julho de 2019, quando ocorreu a posse de Montezano na presidência do BNDES, foram registrados avanços nas cinco metas que o então presidente propôs: a consolidação da transparência perante a sociedade; aceleração da venda de participações acionárias especulativas do banco; devolução de aportes extraordinários do Tesouro Nacional; Plano Trienal com metas claras e de impacto para sociedade e transformação do BNDES em uma Fábrica de Projetos para governos. 

O BNDES tem hoje em curso 120 projetos, que resultarão em mais de R$ 240 bilhões em recursos para o país. O BNDES salientou a realização de leilões significativos, entre os quais o da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE), que permitirá que o saneamento básico beneficie grande parte do estado.

Visando a retomada econômica sustentável pós-pandemia, o BNDES promoveu a integração da gestão da Fábrica de Projetos, reunindo as diretorias de Privatizações e de Infraestrutura, PPPs e Concessões, na nova diretoria de Concessões e Privatizações, sob o comando de Fabio Abrahão. A reorganização ocorreu simultaneamente ao pedido de saída do então diretor de Privatizações, Leonardo Cabral, que decidiu se afastar do serviço público, no qual havia ingressado em 2016.

Crédito e garantias

Se por um lado, o avanço das concessões e privatizações no Brasil leva a gestão da Fábrica de Projetos a um formato integrado, a necessidade de financiamento para esses projetos fez o BNDES redimensionar sua atuação com créditos e garantias. Desse modo, a atual diretoria de Crédito e Garantias será substituída por duas novas, cada uma com atuações específicas.

A Diretoria de Crédito a Infraestrutura, sob gestão de Petrônio Cançado, terá como missão atender à demanda crescente por financiamentos de longo prazo dos projetos de infraestrutura, em decorrência do avanço das concessões federais e estaduais nos últimos meses. Caberá a Cançado e sua equipe estruturar esse mercado de crédito de forma mais inovadora, com sindicalização e títulos negociáveis, por exemplo. Também será necessário ampliar as garantias com maior assunção de risco tanto do setor público quanto do privado, visando incentivar grandes projetos nas áreas de energia, saneamento, transporte e mobilidade urbana.

A Diretoria de Crédito Produtivo e Socioambiental será chefiada por Bruno Aranha, funcionário de carreira do banco que ocupava o cargo de chefe de gabinete da presidência desde o início da gestão de Montezano. Ele será responsável pelos financiamentos a indústrias, comércio e serviços, bem como o apoio ao comércio exterior, além de liderar a área de gestão pública e socioambiental.

Em seu lugar, na chefia de gabinete, assume Alice Lopes, funcionária de carreira do banco há mais de 15 anos, que já atuava como assessora no gabinete da presidência. “Como uma empresa sadia e adaptável ao tempo, o BNDES está sempre se reciclando e readaptando para atender às necessidades da população brasileira, como o banco de desenvolvimento do país”, disse o presidente Gustavo Montezano.

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Mexicanos votam em eleições que definirão agenda de López Obrador

Os mexicanos foram às urnas neste domingo (6) para formar uma nova composição para a Câmara dos Deputados, além de escolher governadores e legisladores locais, em uma decisão vista como um referendo sobre as políticas e iniciativas do presidente Andrés Manuel López Obrador para agitar as instituições do país.

Todas as vagas na Câmara, 15 governos estaduais e milhares de posições de liderança locais poderão ser escolhidas por aproximadamente 93,5 milhões de eleitores mexicanos.

As eleições foram marcadas pela pandemia de covid-19 e pelo andamento do programa de vacinação, assim como por registros de violência criminosa, com a consultoria de Segurança Etellekt dizendo que 91 políticos foram assassinados neste ciclo eleitoral.

Desde sua chegada ao poder em 2018 com uma vitória expressiva, López Obrador expandiu o papel do Estado no setor energético e cortou radicalmente o custo do governo para disponibilizar recursos aos pobres e para seus projetos prioritários de infraestrutura.

No processo, Obrador desgastou o equilíbrio institucional e criticou frequentemente entidades autônomas, incluindo o Banco do México, levando críticos a soar o alarme sobre uma potencial perigosa centralização do poder.

Embora alguns eleitores critiquem seu governo nas áreas de criação de emprego e combate ao crime, a maioria deles está mais cética em relação aos governantes anteriores, que agora estão na oposição. López Obrador também se beneficiou da campanha de imunização do país.

Pesquisas recentes sugerem que seu partido Movimento de Regeneração Nacional (Morena; em espanhol) pode perder alguns de seus atuais 253 assentos na Câmara, mas ainda é provável que retenha a maioria com a ajuda dos partidos verdes e trabalhistas aliados. Não haverá eleições para o Senado.

O apoio reflete em parte o descontentamento com os partidos mais antigos. Para permanecer no topo a longo prazo, Morena deve melhorar seu histórico na economia, dizem funcionários, legisladores e eleitores.

Reportagem adicional de Dave Graham, Lizbeth Diaz e Adriana Barrera

 

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Peruanos voltam às urnas para decidir futuro presidente

Mais de 25,28 milhões de peruanos estão aptos a participar, hoje (6), da escolha do próximo presidente do Peru. Candidatos mais votados no primeiro turno, que ocorreu em 11 de abril, Pedro Castillo, do partido Peru Livre, e Keiko Fujimori, do Força Popular, disputam para ver quem sucederá o atual mandatário, Francisco Sagasti. No primeiro turno, Castillo obteve 18,9% dos votos válidos, enquanto Keiko totalizou 13,4%.

Em um comunicado divulgado esta manhã, a Oficina Nacional de Processos Eleitorais (Onpe) informou que 25.287.954 eleitores estão inscritos para votar no país e em uma das 3.440 urnas instaladas no exterior, incluindo o Brasil.

Além do futuro presidente, os peruanos elegerão dois vice-presidentes para os próximos cinco anos. Para tentar impedir aglomerações em meio à pandemia da covid-19, as autoridades adotaram medidas como a sugestão de votação escalonada, recomendando que os eleitores procurem votar nos horários sugeridos conforme o número do documento de identidade (DNI). Além disso, a sugestão é que, no país, idosos, grávidas e pessoas que integram grupos de risco da covid-19 procurem votar das 14h às 16h (horário local).

Mais cedo, o chefe da Onpe, Piero Corvetto, convocou os peruanos a votar. “Ninguém pode ficar em casa. Vamos em massa às urnas”, disse Corvetto, pedindo que os eleitores utilizem duas máscaras, levem caneta, confirmem antes de sair de casa o local de votação e cumpram todos os protocolos de prevenção, recomendados por autoridades sanitárias, como manter o distanciamento social e mãos e objetos higienizadas com álcool 70°.

O presidente do Jurado Nacional de Elecciones (JNE), espécie de tribunal eleitoral peruano, Jorge Luis Salas Arenas, disse, esta manhã, não haver risco de fraudes no pleito. Em uma mensagem dirigida não só aos peruanos, mas também à comunidade internacional, Arenas garantiu que os órgãos eleitorais “procederão com a mais estrita imparcialidade, respeitando à vontade dos cidadãos do país”. Arenas destacou que a votação está sendo acompanhada de perto por observadores internacionais e por membros de partidos políticos peruanos. Os dois candidatos à presidência também declararam que respeitarão o resultado das urnas.

A previsão é de que os primeiros resultados comecem a ser divulgados a partir das 21h (horário de Brasília) de hoje. Segundo a embaixada peruana, no Brasil há 16.341 peruanos aptos a votar em uma das 59 mesas eleitorais instaladas em Belo Horizonte; Brasília; Curitiba; Fortaleza; Goiânia; Manaus; Porto Alegre; Rio Branco; Rio de Janeiro; Salvador e São Paulo. 

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Maioria das doenças infecciosas tem origem em animais selvagens

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) fizeram uma revisão bibliográfica de dados e os resultados revelaram que de 60% a 75% das doenças infecciosas são derivadas de microrganismos que originalmente circulavam em espécies de animais selvagens e saltaram para os seres humanos. Embora o salto de patógenos de uma espécie de animal selvagem para outra e, posteriormente, para humanos seja comum como mostram os dados, é raro que esses eventos levem a uma situação epidêmica.

Entretanto, a proliferação dessas doenças entre os seres humanos é facilitada pelas ações humanas. Entre as doenças já conhecidas e resultado desse salto, está a covid-19, cujo vírus Sars-Cov-2 se adaptou ao ser humano, com grande poder de transmissibilidade, o que reforça o papel da ação humana na cadeia de disseminação do vírus. “Podemos citar também os casos de Influenza, cujo salto para a espécie humano foi favorecido pela criação de aves e suínos em um mesmo ambiente, ao longo da evolução humana”, exemplificou o professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, José Artur Bogo Chies, um dos autores do estudo, que pretende discutir ações de prevenção ou redução da frequência de eventos de salto de patógenos.

Segundo ele, no caso da covid-19, a principal hipótese até o momento é a de que o Sars-CoV-2 surgiu do morcego, conforme demonstram as análises de sequências genéticas do vírus, mas que alguma espécie, como os pangolins, agiu como intermediária para a infecção. Na China, é comum o consumo desse pequeno mamífero asiático e a contaminação pode ter ocorrido com o manuseio ou ingestão do animal.

O fato de estar acontecendo novamente não é nada surpreendente. Provavelmente temos uma origem de morcegos, porque a análise do genoma do Sars-Cov-2, comparado com outros coronavírus que existem na natureza, mostra similaridade grande com os coronavírus que circulam em comunidades de morcegos. Mas daí a poder dizer com certeza de qual comunidade de morcegos tem a origem e qual foi o caminho percorrido ao longo desse salto é que não está bem estabelecido”.

Chies reforçou que o salto de espécies zoonótico de doenças infecciosas é altamente conectado com a forma como os humanos interagem com as espécies animais e o meio ambiente. Por isso, a preservação da biodiversidade é necessária para controlar os riscos de surgimento de potenciais patógenos para a espécie humana. Dessa maneira os potenciais patógenos seriam encontrados em pequenas quantidades e em seus hospedeiros usuais, com menor risco de transmissão.

“Devemos estudar ecologia dos vírus para prevenir novas pandemias. Temos lembrado que doenças infecciosas acompanham o ser humano ao longo de toda a evolução e estamos em contato constante com microorgnismos. Novas doenças aparecerem ou reemergirem são eventos absolutamente naturais e esperados, que temos possibilidade de controlar fazendo vigilância sanitária e controlando do que estamos nos alimentando”, disse .

Ele citou como exemplo o HIV, vírus causador da Aids, como um vírus tipicamente de macacos africanos e que por volta da década de 1950 conseguiu fazer o salto do patógeno pelo consumo da carne do animal. “Assim se tem o contato com os microorganismos que adquirem a capacidade de conseguirem se desenvolver no nosso corpo. A segunda etapa do salto para se tornar uma epidemia é que não só o microorganismo  tem que ser capaz de nos infectar mas tem que ser capaz de ser transmissível pelos seres humanos”, afirmou Chies.

Outro exemplo clássico citado pelo pesquisador, como proveniente da interferência do ser humano na natureza, é o vírus do Ebola. “Toda interferência tem consequências. Se eu entrar em uma floresta natural vou encontrar microorganismos que eu desconhecia. O ebola, por exemplo, que seria muito comum em um determinado ponto do planeta: ele consegue ser encontrado pelo ser humano, entra em contato com a população e daí tem a possibilidade de transmissão e disseminação”.

Outro problema, aponta o pesquisador, é o uso excessivo de antibióticos ou drogas antivirais, inclusive no campo veterinário, o que favorece uma seleção de micro-organismos que se tornam resistentes. Protocolos de segurança na cadeia produtiva de alimentos de origem animal podem ajudar a diminuir os riscos ao manter os animais em ambientes livres de infecção e disseminação de vírus, com medidas de vigilância, controle, teste e eliminação dessas doenças não humanas.

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Dia Nacional do Teste do Pezinho destaca benefícios do exame

A sanção do Projeto de Lei n° 5043/2020, que amplia o número de doenças detectáveis pelo teste do pezinho, ocorrida no último dia 26 de maio, representa um benefício para a população brasileira, na avaliação do presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Salmo Raskin. Em entrevista à Agência Brasil, o pediatra especializado em genética médica afirmou que o teste do pezinho em si mesmo já é um benefício para as famílias, porque permite que todo brasileiro, independentemente de sua condição financeira, possa ser testado ao nascimento para seis doenças que têm, em comum, a peculiaridade de, se não forem detectadas precocemente e tratadas, a pessoa ter um problema sério de saúde, não ter uma vida normal e até morrer. Hoje (6), é comemorado no Brasil o Dia Nacional do Teste do Pezinho.

“Agora, com a lei, isso vai ficar muito melhor porque, além de investigar seis doenças, mais de 50 doenças vão ser possíveis de investigação. Em consequência, muito mais bebês e famílias vão ser beneficiados do que já são hoje em dia”, disse. O pediatra ressaltou que são doenças difíceis de diagnóstico pelo médico sozinho. “Se não fizer (o teste do pezinho) no primeiro mês de vida, essa criança vai ter problemas gravíssimos logo e no resto da vida”.

A nova lei entra em vigor daqui a um ano, tempo necessário para que os centros que fazem o atual diagnóstico do teste do pezinho possam se capacitar e adaptar do ponto de vista técnico, para sair de seis doenças para um grupo de 14 doenças que envolvem cerca de 53 enfermidades.

Doenças raras

Salmo Raskin informou que todas essas doenças são consideradas doenças raras. A doença menos rara afeta um em cada 10 mil nascidos, indicou. As outras são mais raras do que isso. “São doenças terríveis. Podem levar à convulsão, retardo mental, neurodegeneração (a criança regride). São doenças gravíssimas Mas se você faz o teste rapidamente e trata, as crianças podem ter uma vida muito próxima do normal”.

De acordo com o presidente do Departamento Científico de Genética da SBP, o teste do pezinho pode ser feito até o trigésimo dia de vida do bebê. O recomendável, entretanto, é que ele seja feito até o sétimo dia de vida da criança. Raskin explicou que no Paraná, onde reside, o centro que faz o teste é muito organizado. “Toda criança que nasce no Paraná, na hora de sair da maternidade, ela já coleta o sangue. Com dois dias de vida, toda criança já coletou”. Em outros lugares do Brasil, não ocorre o mesmo. Em geral, os pais deixam para fazer o teste quando a criança volta ao posto de saúde para vacinar. O teste é feito gratuitamente na rede pública do Sistema Único de Saúde (SUS).

Salmo Raskin destacou que o principal, além da realização de teste no SUS, é o atendimento médico dessa criança após o diagnóstico, que nem sempre é efetuado na rede privada. “De que adianta fazer o diagnóstico dessas doenças raras e depois não disponibilizar o tratamento, o atendimento dessas crianças?”, indagou. Por isso, o Programa de Triagem Neonatal engloba não só o teste, mas também o acompanhamento de quem for diagnosticado pelo teste, na rede do SUS.

As doenças raras estão ganhando mais atenção da medicina nos últimos tempos, admitiu Salmo Raskin, que trabalha com doenças raras há 28 anos. O teste do pezinho começou a ser feito no Brasil na década de 1970, com uma doença chamada fenilcetonúria, que causa retardo mental. Em junho de 2001, a Portaria 822 do Ministério da Saúde instituiu, no âmbito do SUS, o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), que obriga hospitais públicos e particulares a realizar o teste do pezinho.

Desafio

Para Salmo Raskin, o maior desafio para a realização do teste do pezinho ampliado não é o teste propriamente dito, porque o Brasil possui uma rede vasta de laboratórios, que terão que se adaptar para fazer o diagnóstico de mais de 50 enfermidades. “O desafio será poder dar o atendimento e o tratamento para quem for diagnosticado. Esse vai ser mais desafiante do que o próprio teste”. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 6% e 7% da população mundial têm doenças raras. Isso equivaleria, no Brasil, a algo entre 12 milhões e 14 milhões de pessoas. “É uma estimativa. Não tem nada concreto”.

Erika Moutela teve sua segunda filha, Manuela, no dia 10 de maio passado e fez o teste do pezinho no sexto dia de vida da bebê. Por conta da pandemia do novo coronavirus, ela optou por fazer o teste na rede privada, na própria residência, porque considerou que era “mais seguro, no momento”. Já o primeiro filho, Henrique, de 4 anos de idade, fez o teste do pezinho no SUS. Erika afirmou que o teste do pezinho é eficaz. Elogiou a ampliação do diagnóstico de doenças raras oferecida pela lei. “A gente vai tendo conhecimento da importância (do teste), da quantidade de doenças que podem ser detectadas e que pode ser tratada uma série de problemas. É super importante”.

Conscientização

A presidente da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo (SBTEIM), endocrinologista Tânia Bachega, disse à Agência Brasil que o Dia Nacional do Teste do Pezinho visa à conscientização da população para discutir a necessidade desse exame. No âmbito do SUS, ele é feito dentro do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Quando há resultado positivo, o bebê faz outro exame e é encaminhado para um especialista, para medicação. “É todo um tratamento. Ele vai além do teste em si”.

Tânia Bachega afirmou que o teste do pezinho serve para detectar doenças que causam complicações graves mas que, nas fases iniciais, o bebê não tem sinais que chamem atenção ao diagnóstico. “A maioria dessas doenças causa deficiência intelectual, podendo levar até à morte precoce”. O exame consiste em uma picada no calcanhar do bebê para coleta de sangue. “É um exame para selecionar casos suspeitos. Para toda doença que o teste der positivo, o bebê é encaminhado para exame confirmatório , mais específico, em laboratório do SUS e, depois, levado para o especialista. É assim que funciona.É um programa de saúde”. A presidente da SBTEIM acredita que a ampliação do teste vai ajudar muito a população. “Agora, a gente tem até 14 grupos de doenças”.

Escalonamento

Tânia Bachega analisou que os centros de diagnóstico no país não estão preparados para efetuar o teste do pezinho ampliado. O projeto original do deputado Dagoberto Nogueira (PDT/MS) previa uma incorporação imediata. Tânia argumentou que o grande problema é que essas doenças envolvem dosagem por um aparelho de alto custo chamado espectômetro de massa e, para colocar os valores de normalidade, a implantação dessa metodologia envolve alta complexidade. “Então, é preciso um tempo para os serviços serem treinados, capacitados. Este projeto nos ensinou muito porque o deputado se uniu a geneticistas, ouviu sociedades médicas e o Ministério da Saúde e essa incorporação é escalonada”. Para Tânia, foi uma grande lição: “o Legislativo, as sociedades médicas e universidades não podem trabalhar sozinhos. Têm que se unir para otimizar as políticas de saúde pública”, disse.

Segundo a presidente da SBTEIM, a grande maioria dos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste tem condições de ampliar essa triagem de forma escalonada. “Essa lei vai uniformizar as ampliações, mas a gente não pode deixar de ter um olhar para o Norte e Nordeste. Grande parte dos estados não está conseguindo fazer o diagnóstico das doenças iniciais”. Em sua área de atuação, que é a endocrinologia, uma das primeiras doenças incorporadas no teste do pezinho foi o hipotireoidismo congênito que, se não for bem identificado e tratado até 30 dias de vida, pode provocar o cretinismo, uma doença mental grave. “É uma doença que se for tratada antes de 30 dias, nós vamos ter uma criança normal, com remédio barato. Isso não tem preço para a qualidade de vida”.

A médica, que é também professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), informou que muitos estados não estão conseguindo fazer essa triagem porque faltam ‘kits’ e o resultado sai com atraso de quatro a cinco meses. “É muito tarde”. Por isso, afirmou que não há condição de o Brasil ampliar a triagem de uma vez. “A gente tem que aproveitar essa ampliação e, primeiro, arrumar a casa no Norte e Nordeste. Este é um problema grave que precisa ser resolvido, para a gente conseguir dar um passo na saúde das nossas crianças”, concluiu a presidente da SBTEIM.

Atualmente, o teste do pezinho realizado no SUS detecta seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, hiperplasia adrenal congênita, fibrose cística e deficiência de biotinidase. Com a ampliação do teste do pezinho, poderão ser detectadas doenças como toxoplasmose, além de doenças derivadas de Erros Inatos do Metabolismo (EIM), Erros Inatos da Imunidade (EII) e a Atrofia Muscular Espinhal (AME), entre outras.

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