Especialista afirma que não basta ter ambientes coloridos e despojados, é necessário que a cultura organizacional transforme a vida das pessoas
Nos últimos meses, deparamo-nos com inúmeras notícias sobre demissões em massa realizadas por startups e, até mesmo, por big techs como Twitter e Facebook. Boa parte dessas companhias sempre foi vista como exemplo de local de trabalho, com espaços aconchegantes e atividades diversas para engajar os colaboradores. Mas, cada vez mais, vemos que ambientes coloridos e despojados não são o suficiente para garantir um grande lugar para trabalhar.
“Claro que os problemas organizacionais vão muito além das startups conhecidas por oferecer espaços coloridos, salas de massagem e mesas de pingue-pongue. Independentemente do segmento e do porte, as empresas devem se diferenciar pelo significado de trabalho e pela transformação que promovem na vida das pessoas”, explica o especialista em Gestão de Pessoas e autor do livro Cultura de Confiança, Luiz França.
Segundo França, é preciso refletir sobre como a cultura das organizações é vista pelos colaboradores. “Será que eles conhecem os valores da empresa? Será que a cultura está alinhada aos princípios?”, questiona. “De nada vale trazer espaços de relaxamento para o trabalho se a cultura da empresa é exploratória, não gera a sinergia necessária para promover o sucesso dos colaboradores ou demite em massa logo nas primeiras crises”, acrescenta.
Outro ponto levantado pelo especialista é sobre a maneira como as companhias distribuem salários e benefícios — que, claro, são muito importantes, mas não podem se sobrepor às oportunidades reais de crescimento, à valorização do desempenho e ao bom relacionamento com colegas e gestores. “É deixar de olhar apenas para os métodos e processos, e analisar como o trabalho influencia a vida das pessoas”.
“O que torna uma empresa um bom lugar para trabalhar é a maneira como ela promove o sucesso dos colaboradores, se ela desperta no profissional a vontade de estar naquele ambiente, além da necessidade de prover o sustento, em busca de conectar o propósito da empresa com o seu próprio. E, para que isso aconteça, é essencial que a organização desenvolva uma cultura de confiança com todos os públicos que ela interage, principalmente com o público interno”, finaliza Luiz França.
Confira os 5 pilares apontados por França como fundamentais para a transformação da cultura organizacional:
Inspirar
Quando lidamos com pessoas, estamos ligados com a importância de conectar indivíduos com algo maior do que eles mesmos, dedicados a inspirá-los a atuar com entusiasmo para que realizem trabalhos admiráveis. Este é o papel de um bom líder: inspirar e influenciar pessoas;
Evoluir
É imprescindível que as empresas invistam em incentivos de capacitação para que as pessoas se desenvolvam com foco em melhorar o desempenho profissional, pois a qualificação delas implica diretamente na qualidade do produto final que será entregue ao público;
Cuidar
O ato de cuidar vai além de fornecer às pessoas benefícios e recursos para o trabalho, é um gesto de respeito e ajuda a ampliar a consistência sobre o que cada colaborador representa em uma organização. Os títulos e cargos podem ser passageiros e esquecíveis, mas a maneira como você trata seus colegas sempre será lembrada. Mais do que nunca, as pessoas querem ser valorizadas e reconhecidas em suas atividades;
Agradecer
Ser grato é reconhecer tudo o que nos beneficia de alguma maneira. A gratidão reconhece os resultados da experiência, considera o impacto positivo que tivemos e manifesta um sentimento de agradecimento por aquele instante que nos proporcionou mais uma etapa de evolução. Para que esse movimento aconteça, é necessário que haja transformação, pois a evolução se dá pela possibilidade de enfrentar novos desafios, estabelecendo um novo padrão a partir daquele momento e impactando positivamente as relações de trabalho;
Compartilhar
Compartilhar vai muito além do valor que investimos em algo, está ligado a ações e doações que não se limitam a recursos materiais. Podemos compartilhar experiências de vida, conhecimentos e superação pessoal e profissional, o que pode ajudar pessoas a evoluir e alcançar oportunidades maiores. A integração é fundamental para que esse movimento aconteça nas organizações, pois, ao atuar de maneira conjunta, inspiramos pessoas a compartilharem seus talentos, gerando um espaço de empatia e sinergia.
*Luiz França é especialista em Gestão de Pessoas, humanizador de empresas e autor do livro “Cultura de confiança: A arte do engajamento para times fortes e que geram resultados”.