MEC cria grupo de trabalho para atualização do Enem e do Encceja

Está publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (18), a Portaria 411/21 que institui um grupo de trabalho, no âmbito do Ministério da Educação (MEC), para discutir a atualização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Sob a coordenação da Secretária de Educação Básica do MEC, o grupo vai se reunir uma vez por mês e será formado pelas secretarias executiva, de Educação Superior, de Modalidades Especializadas de Educação – de Educação Profissional e Tecnológica, além do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Também vão integrar o grupo, os conselhos Nacional de Educação e de Secretários de Educação, além da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, a Undime.

Pela Portaria, o grupo tem seis meses, a partir de hoje, para concluir os trabalhos.

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Na pandemia, 54% dos estagiários exerceram atividades presenciais

Durante o primeiro ano de pandemia, 54% dos estagiários brasileiros continuaram exercendo suas atividades presencialmente, dentro dos protocolos de segurança, enquanto 46% executaram suas funções em trabalho remoto. Desses, 16% afirmaram não ter feito nada porque o trabalho dependia da presença na empresa.

Os dados fazem parte de um pesquisa feita pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) para apresentar um raio-x do estágio no Brasil, principalmente com a chegada da pandemia de covid-19 e das paralisações e mudanças na dinâmica de trabalho.

Segundo o levantamento, agregado ao 12º Prêmio CIEE Melhores Programas de Estágio, 93% dos estudantes acreditam que o estágio é fundamental para o desenvolvimento profissional e 92% acreditam que a experiência é importante para a obtenção de um bom emprego. A maioria dos entrevistados (63%) demonstrou alto nível de satisfação com relação ao programa de estágio que participam. Quando questionados sobre auxílio ou orientação em suas atividades do estágio, 93% disseram ser sempre atendidos pelos colegas mais velhos.

Os participantes da pesquisa também destacaram que na empresa em que estão aprendem a ser bons profissionais (92%) e que têm acesso aos equipamentos e recursos necessários para realizar as atividades previstas no estágio (91%). A maioria (91%) faz estágio em empresas diversas onde há funcionários de diferentes raças, gênero, orientações sexuais e religiões e acredita que todos tenham as mesmas oportunidades de crescimento.

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O levantamento mostrou ainda que a renda familiar média dos estagiários está concentrada entre as faixas de dois a três salários mínimos. Grande parte dos estagiários (70%) afirma que usa a bolsa-auxílio para ajudar no sustento da família e citam como principais despesas a mensalidade escolar, ajuda com a casa e custos com alimentação.

A média da bolsa-auxílio é de R$ 895,22, maior do que na edição anterior da pesquisa quando o valor era de R$ 703,54. O tempo de duração do contrato é de 16 meses. Quanto aos benefícios, 83% recebem auxílio transporte, 44% têm recesso remunerado e 41% têm redução de jornada em dias de prova.

Para o CEO do CIEE, Humberto Casagrande, esse diagnóstico mostra a importância do estágio na vida do estudante, seja no aspecto financeiro, profissional ou pessoal. Segundo ele, o CIEE atende 200 mil jovens e há 1,5 milhão aguardando por uma oportunidade de estágio.

“Neste momento procuramos melhorar nosso atendimento aos candidatos, facilitando também para as empresas, e feito uma verdadeira pregação junto às 32 mil instituições com as quais trabalhamos. Mas isso não é suficiente para gerar oportunidades para todos. O que podemos fazer é divulgar o nosso trabalho, investir na formação dos candidatos”, disse.

A pesquisa foi feita pelo Ibope Inteligência de 3 de dezembro de 2020 a 4 de abril de 2021. Foram entrevistados pela internet 6.634 estagiários, de 538 organizações inscritas. Houve resposta de estudantes que estagiam em 467 organizações. A maior parte dos que participaram são estudantes do ensino superior (89%) e de instituições de ensino particular (65%).  Pelo menos 64% faz estágios em organizações públicas, e dentre esses, a maioria em entidades estaduais e municipais.

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Na pandemia, 54% dos estagiários exerceram atividades presencias

Durante o primeiro ano de pandemia, 54% dos estagiários brasileiros continuaram exercendo suas atividades presencialmente, dentro dos protocolos de segurança, enquanto 46% executaram suas funções em trabalho remoto. Desses, 16% afirmaram não ter feito nada porque o trabalho dependia da presença na empresa.

Os dados fazem parte de um pesquisa feita pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) para apresentar um raio-x do estágio no Brasil, principalmente com a chegada da pandemia de covid-19 e das paralisações e mudanças na dinâmica de trabalho.

Segundo o levantamento, agregado ao 12º Prêmio CIEE Melhores Programas de Estágio, 93% dos estudantes acreditam que o estágio é fundamental para o desenvolvimento profissional e 92% acreditam que a experiência é importante para a obtenção de um bom emprego. A maioria dos entrevistados (63%) demonstrou alto nível de satisfação com relação ao programa de estágio que participam. Quando questionados sobre auxílio ou orientação em suas atividades do estágio, 93% disseram ser sempre atendidos pelos colegas mais velhos.

Os participantes da pesquisa também destacaram que na empresa em que estão aprendem a ser bons profissionais (92%) e que têm acesso aos equipamentos e recursos necessários para realizar as atividades previstas no estágio (91%). A maioria (91%) faz estágio em empresas diversas onde há funcionários de diferentes raças, gênero, orientações sexuais e religiões e acredita que todos tenham as mesmas oportunidades de crescimento.

O levantamento mostrou ainda que a renda familiar média dos estagiários está concentrada entre as faixas de dois a três salários mínimos. Grande parte dos estagiários (70%) afirma que usa a bolsa-auxílio para ajudar no sustento da família e citam como principais despesas a mensalidade escolar, ajuda com a casa e custos com alimentação.

A média da bolsa-auxílio é de R$ 895,22, maior do que na edição anterior da pesquisa quando o valor era de R$ 703,54. O tempo de duração do contrato é de 16 meses. Quanto aos benefícios, 83% recebem auxílio transporte, 44% têm recesso remunerado e 41% têm redução de jornada em dias de prova.

Para o CEO do CIEE, Humberto Casagrande, esse diagnóstico mostra a importância do estágio na vida do estudante, seja no aspecto financeiro, profissional ou pessoal. Segundo ele, o CIEE atende 200 mil jovens e há 1,5 milhão aguardando por uma oportunidade de estágio.

“Neste momento procuramos melhorar nosso atendimento aos candidatos, facilitando também para as empresas, e feito uma verdadeira pregação junto às 32 mil instituições com as quais trabalhamos. Mas isso não é suficiente para gerar oportunidades para todos. O que podemos fazer é divulgar o nosso trabalho, investir na formação dos candidatos”, disse.

A pesquisa foi feita pelo Ibope Inteligência de 3 de dezembro de 2020 a 4 de abril de 2021. Foram entrevistados pela internet 6.634 estagiários, de 538 organizações inscritas. Houve resposta de estudantes que estagiam em 467 organizações. A maior parte dos que participaram são estudantes do ensino superior (89%) e de instituições de ensino particular (65%).  Pelo menos 64% faz estágios em organizações públicas, e dentre esses, a maioria em entidades estaduais e municipais.

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Escolas de SP vão poder receber mais alunos de forma presencial

A partir de 1o de agosto, as escolas de São Paulo vão poder retomar as aulas presenciais sem que seja estabelecido um limite máximo de alunos em sala. Atualmente, por causa da pandemia de covid-19, as aulas presenciais no estado são permitidas desde que a capacidade máxima fique em 35% do número de alunos e com limite mínimo de 1,5 metro de distância entre eles.

Agora, o governo de São Paulo não vai mais estabelecer limites. A partir de agosto, cada escola vai poder calcular quantos alunos serão permitidos de forma presencial, desde que seja mantido um distanciamento mínimo de 1 metro entre eles.

“Neste novo plano, a partir de agosto, cada escola deverá determinar a capacidade de acolhimento total de alunos de acordo com a sua realidade, desde que sejam respeitados todos os protocolos de prevenção, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento mínimo de um metro entre os estudantes na sala de aula”, explicou o governador de São Paulo, João Doria.

Segundo o governo paulista, a volta às aulas presenciais não será obrigatória nesse primeiro momento. “Nós tomamos a decisão de que, no mês de agosto, ainda não será obrigatória a volta às aulas. A família ainda poderá no mês de agosto optar. Durante o mês de julho e até o início de agosto vamos discutir e rever”, disse o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares.

Testes e vacinas

O governo de São Paulo disse que vai adquirir 3 milhões de testes de covid-19 destinados exclusivamente para profissionais da área da educação e alunos. Os testes serão aplicados em casos sintomáticos.

Os casos devem ser notificados a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e registrados no sistema de monitoramento da secretaria de Educação de São Paulo, o SIMED, e atualizado com o registro médico.

Desde o dia 10 de abril, profissionais da área de educação com idade superior a 47 anos estão sendo vacinados no estado. No dia 9 de junho, começou a vacinação de profissionais da educação com 45 e 46 anos e, desde 11 de junho, todos os profissionais da Educação Básica do estado com mais de 18 anos também começaram a ser imunizados.

Ensino superior

O governo de São Paulo também anunciou hoje que vai ampliar o número de cursos universitários que poderão retomar as atividades presenciais. Com isso, além dos cursos de medicina, os cursos de saúde pública, saúde coletiva e de medicina veterinária poderão funcionar de forma totalmente presencial.

“Nós temos um protocolo que fala que os cursos da área de saúde podem funcionar até 100% presencial, por exemplo, o curso de medicina. O próprio curso define qual será o seu protocolo, a sua forma de funcionamento. E nós estamos incluindo alguns cursos que não estavam na listagem do decreto que passarão a seguir as mesmas regras, que são os cursos de saúde coletiva, de saúde publica e de medicina veterinária”, afirmou o secretário.

 

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Revalida 2021: prazo para pagamento de taxa acaba hoje

Termina hoje (16) o prazo para pagamento da taxa de inscrição dos médicos que se inscreveram no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2021. O pagamento dos R$ 330 da taxa deve ser feito por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU Cobrança), em qualquer agência bancária, casa lotérica ou agência dos Correios. 

O boleto pode ser gerado por meio do sistema do exame, disponibilizado no site.

Aplicado desde 2011, o Revalida tem por objetivo revalidar os diplomas de graduação em medicina expedidos no exterior. O exame avalia habilidades, competências e conhecimentos necessários para o exercício profissional adequado aos princípios e às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Ele é composto por uma etapa teórica e outra prática, abordando, de forma interdisciplinar, as cinco grandes áreas da medicina: clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria e medicina da família e comunidade (saúde coletiva).

Requisitos

Entre os requisitos necessários para o Revalida o candidato deve ser brasileiro ou estrangeiro em situação legal de residência no Brasil; enviar imagens do diploma (frente e verso), como solicitado pelo sistema de inscrição; e ter registro no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) emitido pela Receita Federal do Brasil.

É também necessário que o candidato seja portador de diploma médico expedido por instituição de ensino superior estrangeira, reconhecida no país de origem pelo seu ministério da educação ou órgão equivalente, autenticado pela autoridade consular brasileira ou pelo processo de Apostilamento da Haia, regulamentado pela Convenção de Apostila da Haia, tratado internacional promulgado pelo Brasil por intermédio do Decreto nº 8.660, de 29 de janeiro de 2016.

Etapas

A aplicação da primeira etapa do exame está prevista para o dia 5 de setembro, em oito capitais: Brasília, Campo Grande, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio Branco, Salvador e São Paulo. O participante deverá indicar a cidade onde deseja realizar o exame, por meio do Sistema Revalida, no momento da inscrição.

Na primeira etapa, os participantes realizam duas provas escritas: uma objetiva e outra discursiva. A segunda etapa consiste em uma prova de habilidades clínicas. Somente os aprovados na primeira etapa poderão participar da segunda fase. Se o candidato for reprovado na segunda etapa, ele poderá se reinscrever diretamente nessa fase, nas duas edições consecutivas.

Conforme o edital, o participante aprovado na segunda etapa estará apto a prosseguir no processo de revalidação do diploma junto a uma das universidades parceiras. A relação das instituições será disponibilizada no Sistema Revalida e o participante aprovado deverá indicar a universidade em que deseja prosseguir com a revalidação de seu diploma.

Resultado

De acordo com o edital, a previsão é de que o resultado final da primeira etapa seja divulgado no dia 19 de novembro. Os candidatos que conseguirem passar na primeira etapa do exame estarão credenciados para a etapa prática, a Prova de Habilidades Clínicas.

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Professores receberão capacitação para ensinar educação financeira

Uma parceria firmada entre o Ministério da Educação (MEC) e a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) qualificará cerca de 500 mil professores da rede pública em educação financeira. Segundo o MEC, os cursos terão início em julho e farão parte do currículo continuado de formação de professores da rede básica, tanto em escolas públicas quanto particulares.

Os cursos de formação – que terão duração de 40 horas-aula – serão feitos na modalidade ensino a distância (EaD) e visam a auxiliar educadores a incentivar práticas de saúde financeira e empreendedorismo em jovens.

De acordo com dados do Ministério da Educação, o Brasil tem atualmente 2,3 milhões de professores nos ensinos básico e fundamental. A estimativa do ministério é atingir pelo menos 25% desses profissionais.

Os conhecimentos sobre educação financeira, no entanto, não farão parte de uma nova disciplina, e serão incorporados à grade curricular já existente de forma complementar ao ensino das matérias já adotadas. 

Segundo nota publicada pela CVM, a responsabilidade da infraestrutura de aprendizagem do curso ficará por conta da entidade, que desenvolverá a plataforma digital de ensino. Ao Ministério da Educação caberá engajar os professores e divulgar a plataforma, além de articular a inclusão do conhecimento nas escolas.

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Pesquisa mostra desigualdade no acesso a internet entre alunos

A “ineficiência histórica” das políticas de telecomunicações no Brasil gerou uma “elite estudantil” na pandemia, acentuando desigualdades no acesso e na qualidade da Educação. A análise está no relatório Acesso à Internet Residencial dos Estudantes, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), lançado hoje (15).

“O modesto avanço alcançado pelas políticas de acesso à internet focado exclusivamente nas escolas foi de pouca utilidade quando estas foram fechadas e alunos e professores tiveram que ficar em casa”, diz o texto da pesquisa desenvolvida por Jardiel Nogueira. Os dados mostram que conexão estável, sem restrições, e equipamentos adequados seguem restritos.

Nogueira aponta que “o Brasil não está nessa situação por falta de políticas de conectividade, mas pela falta de efetividade das políticas que já foram lançadas”. Desde 1997, com o Programa de Tecnologia Educacional, que levou os laboratórios de informática para as escolas, e atualmente o Programa de Inovação Educação Conectada (Piec), com foco na conexão da internet para as escolas, aquisição de equipamentos e formação de professores. 

Realidade 

Entre os dados compilados, o relatório destaca que, apesar do avanço no número de usuários de internet nos últimos anos, 47 milhões de brasileiros permanecem desconectados, sendo que 45 milhões (95%) estão na classe C e D/E, conforme números da TIC Domicílios 2019.

Sobre a realidade dos estudantes, levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que cerca de 6 milhões de alunos vivem completamente sem acesso à internet fixa ou móvel em casa. Além disso, na classe A apenas 11% dizem fazer uso da rede exclusivamente no celular. Nas classes D e E, o percentual salta para 85%.

Para o Idec, “apesar de serem úteis em casos extremos, celulares limitam as possibilidades pedagógicas de produção de conteúdo, pesquisas acadêmicas e uso autônomo para aprendizado, tanto do professor quanto do aluno”.

Outro dado destacado no estudo é de uma pesquisa Datafolha de 2020 a qual mostra que o número de lares que possuem celulares chega a 89% dos estudantes, mas 38% deles precisam dividir o aparelho com outras pessoas da casa.

A maioria das soluções emergenciais adotadas por secretarias municipais e estaduais passou pelo acesso à internet: aplicativo com aulas e materiais para download; portal que centraliza as ofertas pedagógicas e orientações oficiais; dados patrocinados para acesso a serviços pedagógicos sem descontar do pacote de dados; empréstimo, subsídio ou doação de equipamentos para uso dos alunos e/ou professores; doação de chips; transmissão de aulas via TV ou rádio; e disponibilização de material impresso.

“Desde o começo da pandemia a gente alertou que não eram aconselháveis políticas públicas emergenciais que não considerassem a realidade de infraestrutura dos domicílios, acesso a insumos por parte dos estudantes e de suas famílias e foi o que aconteceu. Foram construídas políticas públicas emergenciais de base excludente”, avaliou Andressa Pellanda, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que participou do lançamento.

Saídas

O Idec destaca como uma medida importante a derrubada do veto ao Projeto de Lei 3477, que garante R$ 3,5 bilhões para conectar alunos e professores em suas residências. “É o maior aporte de recursos da história”, aponta o pesquisador. Além disso, a aprovação do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust) para destravar os recursos necessários para expandir a conectividade nas escolas. 

“Apontamos para a necessidade de se garantir a equidade no acesso à internet para além da pandemia. Educação na internet não é só plataforma, acesso à aula, é equidade no acesso ao conhecimento. É um horizonte a ser buscado”, defendeu Diogo Moyses, coordenador da área de telecomunicações e direitos digitais do Idec.

A Agência Brasil procurou o Ministério da Educação e aguarda retorno.

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Programa promove valorização do legado de mulheres em escolas do DF

O programa Mulheres Inspiradoras, reconhecido como a melhor iniciativa educacional em direitos humanos, serve de base para a implementação de uma política pública educacional pioneira em Brasília.

O reconhecimento ocorreu em 2015, na primeira edição do Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos Óscar Arnulfo Romero, promovido pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI) e a Fundação SM. 

Agora, as lições e os princípios apresentados no projeto, liderado pela professora Gina Vieira Ponte de Albuquerque, do Centro de Ensino Fundamental 12, da região administrativa de Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília, servem de base para a implementação de uma política pública na capital.

“A agenda da educação em direitos humanos é indispensável para o fortalecimento da democracia. Esse prêmio é o reconhecimento de que o nosso trabalho está caminhando na direção certa, foi a confirmação de que estamos alinhados com bases teóricas e concepções de mundo que entendem o estudante na sua integralidade, como sujeito sócio-histórico, e que a nossa luta por uma país democrático e por uma sociedade mais justa, igualitária e livre de violência é coletiva”, disse Gina Albuquerque, professora da educação básica da Secretaria de Educação do Distrito Federal há 30 anos. Ela é mestra em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB), com ênfase em Análise de Discurso Crítico, especialista em educação a distância, desenvolvimento humano e inclusão escolar.

Em 28 de maio, o governo do Distrito Federal (GDF) publicou a Portaria Nº 256, de 2021, implementando o programa Mulheres Inspiradoras na rede de escolas e bibliotecas da cidade, cujo objetivo é promover a valorização do legado de mulheres e meninas nos planos escolares da rede pública de ensino da capital.

Igualdade de gênero

O programa implementa projetos de leitura e escrita baseados em autores ou personagens históricas femininas do país e do mundo, abordando as diferentes narrativas de mulheres negras, indígenas e periféricas, entre outras. Dessa forma, o programa visa a estimular o desenvolvimento de uma pedagogia comprometida com o aprendizado integral dos estudantes, centrada na educação para os direitos humanos e para a diversidade.

A professora explica que o programa foi desenvolvido pela primeira vez em 2014, no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, com cinco turmas do 9º ano. “Teve início depois de percebermos que, infelizmente, na cultura brasileira, a representação mais recorrente das mulheres ainda reporta à ideia de mulheres objetificadas, hipersexualizadas, enquadradas em um determinado padrão estético. Constatamos que faltavam outras referências que pudessem inspirar as meninas”.

Segundo Gina, os estudantes tiveram a oportunidade de ler obras literárias produzidas por mulheres, estudar a biografia de personagens ou autoras inspiradoras, para que pudessem vislumbrar outras oportunidades de identidade, que transcendam os estereótipos de gênero, e os meninos pudessem questionar a masculinidade tóxica.

A iniciativa também permitiu aos estudantes entrevistar uma mulher inspiradora de sua vida. A maioria escolheu a mãe, a avó e a bisavó. A partir das entrevistas que realizaram, eles produziram textos em que apresentam as histórias de luta, de determinação, a revolução silenciosa que essas mulheres realizam em suas comunidades. As histórias foram transformadas no livro Mulheres Inspiradoras, que foi publicado em 2016.

O projeto permitiu ainda que sujeitos que foram excluídos da história oficial e, portanto, dos materiais didáticos, chegassem à escola. Os estudantes puderam ler obras literárias escritas por mulheres negras, indígenas, periféricas e conhecer a força e a potência das lideranças femininas do seu território.

Política pública

Ao comentar o que foi determinante para tornar o projeto uma política pública, a professora destacou “a atuação integrada de diferentes atores: os promotores do 1º Prêmio Ibero-americano, o Banco de Desenvolvimento da América Latina, o governo do Distrito Federal, a Secretaria de Educação do DF, o grupo de pesquisa Educação Crítica, Autoria Criativa (Gecria), o Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília, as comunidades onde o projeto foi desenvolvido, os estudantes e as professoras e gestores que se engajaram no projeto piloto”.

Para que o Mulheres Inspiradoras se tornasse política pública houve uma caminhada que começou há sete anos. Depois de conquistado o 1º Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos, o projeto ganhou visibilidade. Trata-se de um prêmio concedido pela Organização de Estados Ibero-americanos e pela Fundação SM, instituições vinculadas à promoção da ciência, da educação, que atuam na defesa dos direitos humanos, na Ibero-América há muitos anos.

O prêmio fez com que outras entidades, como o Banco de Desenvolvimento da América Latina conhecessem o projeto. No final de 2016, o programa chegou a mais escolas. Em 2017, foi assinado um acordo de cooperação internacional entre o GDF,  o banco e a OEI e iniciada uma experiência piloto com 15 escolas. A experiência foi acompanhada pela UnB, que avaliou o trabalho.

Cooperação

A boa prática educacional transformada em política pública colabora com a missão de “fazer a cooperação realmente acontecer”. De acordo com a professora Gina Ponte, “o projeto Mulheres Inspiradoras, além de constituir um trabalho pedagógico que trouxe resultados positivos no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, alcançando cerca de 900 estudantes, hoje é um programa que trabalha em duas frentes: promove a formação de profissionais da educação e dá subsídios a esses profissionais e suas escolas com obras literárias de autoria feminina”.

Para Gina, a “proposta não é que eles multipliquem ou simplesmente reproduzam o projeto Mulheres Inspiradoras, mas que, a partir da pesquisa sobre a especificidade do seu território, da sua comunidade, dos seus estudantes, criem projetos capazes de interferir nos problemas locais e fortalecer a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes”.

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Quatro em dez alunos pensaram em parar os estudos devido à pandemia

Em 2020, com então 15 anos de idade, a estudante do ensino médio Letícia de Araújo Alves Meira teve que tomar uma decisão difícil: considerada uma aluna aplicada, ela resolveu interromper os estudos. Moradora de Valparaíso de Goiás, a cerca de 40 quilômetros de Brasília, a adolescente sentia que não estava assimilando o conteúdo do 2º ano da rede pública de ensino.

“Estava achando muito complicado acompanhar [as aulas remotas]. Era atividade atrás de atividade, e poucos encontros [webaulas] para tirar dúvidas. Era desproporcional. E, muitas vezes, só éramos avisados em cima da hora. Tudo isso acabou me desmotivando”, contou Letícia à Agência Brasil.

Ao conversar com a família e concluir que, a longo prazo, o melhor seria refazer o 2° ano, Letícia entrou para um grupo que jamais pensara integrar: o dos jovens que interrompem os estudos antes de concluí-los. Grupo que cresceu devido à pandemia, segundo constatou a 2ª edição da pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus.

Realizada pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) com 68.144 jovens de todo o país, a pesquisa identificou que mais da metade (56%) dos jovens de 15 a 29 anos que estão atualmente afastados das aulas do ensino médio ou superior interromperam seus cursos durante a pandemia. Além disso, quatro em cada dez entrevistados admitiram ter pensado em desistir dos estudos devido aos impactos da covid-19 em suas rotinas. As respostas foram colhidas entre os dias 22 de março e 16 abril, com a perspectiva de identificar os impactos da pandemia para os cerca de 50 milhões de jovens brasileiros, segmento que representa aproximadamente um quarto da população brasileira.

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Entre os entrevistados de 18 a 29 anos que interromperam os estudos, a principal causa foi financeira. O que reflete na constatação de que, enquanto na primeira edição da pesquisa, divulgada em junho de 2020, o percentual de jovens que responderam trabalhar formal ou informalmente para complementar a renda familiar estava na faixa dos 23%, na atual edição eles somam 38% do total – índice ainda maior entre os entrevistados negros, entre os quais o percentual chega a 47% dos participantes.

No geral, contudo, pesam também as dificuldades de se organizar e de acompanhar as aulas remotamente – empecilho que afetou principalmente aos mais jovens (15 a 17 anos), que se queixaram de não aprender o suficiente ou de não gostarem dos conteúdos transmitidos.

“Muitos colegas falavam que não estavam conseguindo acompanhar o ritmo do ensino remoto. Entrei em grupos online de estudantes e de pais de alunos que precisaram de apoio, de conversar sobre as dificuldades, e é sempre a mesma coisa: tem os que não tem suporte técnico necessário; os estudantes que têm necessidades especiais e precisam de auxílio; os que não conseguem acompanhar o ritmo das atividades”, exemplificou Letícia.

A maioria (47%) dos entrevistados que interromperam os estudos considera que a ação mais eficaz para atrair os estudantes de volta às salas de aula é vacinar toda a população. Além disso, 36% deles também apontaram a necessidade de o Poder Público oferecer políticas públicas que garantam uma renda básica aos jovens, seja por meio da concessão de bolsas de estudo, seja pela renda emergencial – preocupação que aumenta na mesma proporção da faixa etária dos entrevistados.

Entre os entrevistados que interromperam os estudos, 8% disseram que não planejam voltar a estudar, mesmo depois que a pandemia estiver sob controle. E os que continuam estudando afirmam que a maior motivação para superar os contratempos vem da preocupação com o futuro: 23% dos entrevistados disseram querer ter um bom currículo para conseguir ingressar no mercado de trabalho. A expectativa quanto a um futuro melhor é maior (57%) entre as mulheres que seguem estudando do que entre os homens (50%), da mesma forma que é maior entre os mais jovens (15 a 17 anos).

Leticia representa bem este grupo. No início do ano, decidiu retomar os estudos, mesmo que remotamente. Mais uma vez, a preocupação com o futuro a motivou a, junto com a família, tomar uma nova decisão difícil: recomeçar o ensino médio do zero – mesmo após ter conseguido ser aprovada nas provas de recuperação, o que lhe permitiria estar frequentando as aulas do 3° ano se não tivesse trocado de escola.

“No fim do ano passado, a direção da minha antiga escola entrou em contato, sugerindo que eu fizesse as provas de recuperação. Eu fiz as provas online e fui aprovada. Só que eu não estava confortável com aquilo, pois sabia que meu segundo ano não tinha rolado. Eu tinha perdido praticamente todo o conteúdo”, explica a jovem, que decidiu se matricular no Instituto Federal de Brasília (IFB) para fazer um curso técnico junto com todo o ensino médio. “Como quero prestar vestibular para uma boa faculdade, vi que era melhor recomeçar do primeiro ano e rever todo o conteúdo do ensino médio. Junto, estou aproveitando para fazer um curso técnico profissionalizante.”

Segundo o presidente do Conjuve, Marcus Barão, as consequências da pandemia para a formação dos jovens serão sentidas por algum tempo mesmo. “A situação é grave. Precisamos, urgentemente, de ações concretas, com real capacidade de promover mudanças, atendendo às demandas emergenciais e apresentando perspectivas de futuro”, sustenta Barão, enfatizando que os desafios não se limitam ao campo da educação.

O relatório completo da pesquisa realizada em parceria com a Unesco, Fundação Roberto Marinho, Em Movimento, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social e Visão Mundial pode ser consultado na página da plataforma Atlas da Juventude, na internet.

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Governo paulista lança programa para combater a pobreza menstrual

As escolas estaduais paulistas vão receber R$ 30 milhões para o Programa Dignidade Íntima, para combater a pobreza menstrual. A medida, lançada hoje (14), pode atingir cerca de 1,3 milhão de meninas em mais de 5 mil escolas. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma entre dez estudantes no mundo tem dificuldades para manter a higiene íntima, com impactos importantes na vida escolar.

No Brasil, uma pesquisa coordenada pela antropóloga Mirian Goldemberg estima que uma em cada quatro estudantes já deixou de ir às aulas por não ter condições de manter a higiene no período das aulas. 

Uma das inspirações para o programa foi o projeto desenvolvido na Escola Capitão Deolindo de Oliveira Santos, em Ubatuba, no interior paulista, por iniciativa de alunos e professores. Com o apoio da escola, um kit com absorvente, sabonete e outros itens de higiene foi colocado no banheiro feminino.

“O medo de vazar e manchar a roupa; de ir até o banheiro, pegar absorvente e alguém ver; ou a vergonha de pedir um absorvente emprestado para a colega”, apontou Maria Eduarda, 16 anos, aluna da escola em Ubatuba. 

Ela lembra que muitas meninas não têm condições e nem acesso a absorventes, o que as leva, muitas vezes, ao improviso. “[Isso] pode resultar na falta de atenção às aulas e a falta no ambiente escolar. A escola também pode ser um lugar de confiança, mesmo nesse período.” 

“O que me surpreende é que dentro da [área] educação, com tantas mulheres, esse tema não ser dito, não ser falado, não ser trabalhado. É uma atitude simples, como a compra de absorventes, que pode mudar a vida das meninas”, apontou Vivian Marchiori, diretora da escola em Ubatuba e que já foi estudante na instituição.

Em 2014, a ONU reconheceu o direito à higiene menstrual como uma questão de direito humano e saúde pública. “Aqui, [em São Paulo], nós estamos garantindo também como um direito à educação para que essas meninas possam ter a dignidade de estar sempre na escola. Esse é um tema muitas vezes tratado como um tabu, pouco falamos e pouco apoiamos. É a primeira vez que a gente enfrenta verdadeiramente isso”, disse a diretora da escola.

A proposta é que, além da aquisição e distribuição de produtos, o programa faça formação com todos os integrantes da escola, estimule o protagonismo dos jovens, distribua material informativo e construa uma rede de apoio na escola para as estudantes. “Não pode ser a pobreza, a vulnerabilidade a limitar a oportunidade de vida, principalmente na escola”, defendeu o governador João Doria ao participar do evento de lançamento do programa.

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